segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Revolução dos Bichos (Livro)


Uma das maravilhosas obras de um dos grandes gênios da literatura inglesa, George Orwell, editada e lançada em 1943. Nesta, Orwell faz uma espécie de sátira a Stálin, numa época de repressão, opressão e guerras.
Em uma granja (Granja do Solar), cavalos, éguas, cachorros, patos, porcos e muitas outras espécies de animais trabalham para seu dono, o senhor Jones, até que um velho porco chamado Major, respeitado por todos da granja, revela a eles um sonho que tivera na véspera do dia em que morreria. Este sonho projetava uma vida repleta de fartura, de liberdade, de paz entre os bichos, se e somente se, estes conseguissem se livrar dos humanos.
Os bichos caem em si e chegam a conclusão de que não trabalham em prol de si mesmos, mas dos humanos. Partindo deste pressuposto os bichos articulam uma revolução para expulsar Jones e os seus da granja, afim de que esta passe a ser de posse apenas dos bichos, sob o ideal de igualdade, liberdade e fraternidade entre todos os animais.
Com a expulsão de Jones, ocorre no entanto, a necessidade de lideranças na então Granja dos Bichos. Como o sonho fora revelado a estes por um porco, obviamente, caberia a esta classe de animais a missão de conduzir a "granja dos bichos".
Bola-de-neve e Napoleão, são os porcos que dividem entre si o poder que lhes foi confiado e criam então, uma espécie de sistema político, ao qual denominam "Animalismo", e criam 7 mandamentos, que poderiam ser sintetizados pela máxima: "Quatro patas bom, duas patas ruim". Porém, estes não conseguem concordar em nada do que diga respeito à administração da granja, resultando na expulsão de Bola-de-neve por Napoleão, quando este aterroriza seu camarada com enormes cachorros, cúmplices seus.

Os bichos continuam trabalhando, tanto quanto, ou mais do que no tempo de Jones, só que agora trabalham para si mesmos, não mais para os humanos, inspirados por Sansão, um dos cavalos da granja, que para eles é o maior exemplo de devoção a Granja dos Bichos. Com o passar do tempo as rações tornam-se cada vez mais escassas, apenas os porcos permanecem bem nutridos. E sempre driblando as especulações dos bichos acerca da comida, da moradia e do conforto de que os porcos desfrutavam.
Garganta, um dos aliados de Napoleão, era o responsável por fazer a contabilidade e revelar o progresso aos outros por meio de estatísticas (que sempre mostravam que os bichos viviam melhor agora, do que na época de Jones) e dar explicações quanto ao conforto que os porcos gozavam, sempre dizendo que "eram eles a cabeça pensante da granja, que tinham sobre suas costas enormes responsabilidades, por isso mereciam a maior parte das comidas e moradia confortável". A história termina com os porcos e humanos confraternizando na casa grande, tendo relações amistosas e tornando-se "iguais" uns aos outros, a máxima passa a ser: "Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros".
Lendo o posfácio do livro, vi que Orwell quis analisar a teoria marxista do ponto de vista dos animais, motivado por um dia em que viu um cavalo sendo maltratado por um garoto e pensou que se estes animais tivessem consciência do poder que têm, nunca se deixariam dominar. Tal análise é feita por ele em "1984" (uma obra distópica), quando fala do proletariado. Na revolução dos bichos, o proletariado são os animais e os opressores são os porcos com o sistema político criado por estes.
Muitas questões são refutadas nesta obra magnífica. Não fica clara a visão política do autor, ele mesmo chegou a declarar que sua posição política era difícil de definir, tal fato, pode ter colaborado com a recusa de quatro editores em publicar sua obra.
De fato, Orwell deixou bastante explícito do que a história se tratava, mas fica uma questão ainda não resolvida: "Se o capitalismo selvagem, à medida que gera oportunidades traz na mesma proporção desigualdades e o comunismo leva à um regime ditatorial, opressivo, desigual e desumano. Então, qual será o sistema político mais equitativo e justo?"
O homem deve ser o responsável pelos grandes males terrestres, como no livro "tira-se o homem da cena e todos os problemas estariam resolvidos". Mas, como posso pensar desse jeito se também sou um destes? Parece-me que a questão política está longe de ser resolvida, o que dificulta, muitas das vezes, a visão comunista de que depois das revoluções e da supressão do Estado, é que surgirá um dia em que todos os homens sejam iguais.

Um comentário:

diegoZG disse...

boa história que você narra, o livro é muito interessante, além disso inspira o album de Pink Floyd "Animals" um dos melhores da história da música. cumprimentos desde Lima-Peru.